PT supera PSDB em briga pela nova classe média
Fatia é a que mais declara preferir os petistas; tucanos vão melhor na elite
Eleitor que ascendeu socialmente durante os oito anos do governo Lula é o mais fiel ao PT, diz pesquisa Datafolha
BERNARDO MELLO FRANCODE SÃO PAULO
O PT largou na frente do PSDB na disputa pelos votos da chamada nova classe média, faixa que reúne as famílias com renda mensal entre três e dez salários mínimos.
Dados da última pesquisa Datafolha mostram que os eleitores deste segmento social, também conhecido como classe C, são os que mais dizem preferir o PT entre todos os partidos polí ticos.
O PSDB tem o melhor desempenho entre os brasileiros mais ricos, com renda familiar acima de dez salários.
A nova classe média virou sonho de consumo das duas legendas, que se revezam no poder desde 1995.
Nas últimas semanas, os ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a descreveram como o principal alvo a ser perseguido por seus partidos.
Proporcionalmente, os eleitores que formam a base da classe C são os que mais dizem preferir o PT.
A sigla é citada como a mais admirada por 32% dos entrevistados com renda de três a cinco salários mínimos (entre R$ 1.636 e R$ 2.725).
GRATIDÃO
Para o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, o resultado reflete a "gratidão" de brasileiros recém-saídos da pobreza, que ascenderam socialmente nos anos Lula.
"São eleitores que acabaram de ganhar acesso aos bens de consumo e creditam sua ascensão social nos últimos anos a Lula e ao PT."
Os petistas alcançam seu segundo melhor resultado (29%) entre os eleitores com renda familiar de cinco a dez salários (R$ 2.726 a R$ 5.450).
Na fatia mais pobre, com orçamento até dois salários (R$ 1.090), a sigla tem 23%. Esta é a faixa mais alheia ao jogo partidário: 58% não têm uma legenda favorita.
O menor índice do PT é justamente entre os mais ricos, com rendimento acima de dez salários (R$ 5.450).
Nesta faixa, que compõe as chamadas classes A e B, o partido é citado como o mais admirado por apenas 16%. Isso inclui a elite econômica e a classe média tradicional.
O PSDB alcança seu melhor índice (10%) entre os eleitores da classe B, com renda entre dez e vinte salários (R$ 5.451 a R$ 10.900).
O pior resultado dos tucanos aparece entre os mais pobres. O partido é citado como o favorito por apenas 4% dos brasileiros das classes D e E.
Na classe C, as citações oscilam entre 6% e 8%, conforme a faixa salarial.
Em arti go recente, o ex-presidente FHC disse que o PSDB "falará sozinho" se tentar disputar o "povão" com o PT e deve se concentrar na nova classe média.
"É um desafio grande", diz Paulino. "O PSDB terá que encontrar um discurso para esses eleitores, que querem garantias de que continuarão a melhorar de vida."
Pouco mais da maioria dos entrevistados (54%) diz não preferir nenhuma legenda. Estes eleitores tendem a escolher os candidatos sem considerar seus partidos.
O PT aparece à frente das outras siglas em todas as faixas de renda. No total, registra 26% de preferência, contra 6% do PMDB (sem candidato à Presidência desde 1994) e 5% do PSDB.
No debate da reforma política, o PT defende a adoção da lista fechada, em que o eleitor só pode votar na sigla em eleições parlamentares. Nas condições atuais, isso daria mais vagas a petistas.
Lula diz que Dilma "será a candidata do PT em 2014"
DE SÃO PAULO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista publicada ontem pelo jornal "ABCD Maior" que Dilma Rousseff será a candidata do PT à Presidência da República em 2014.
"Não tem como esconder, embora ela não possa, e nem deva falar, mas Dilma será a candidata do PT em 2014. Dilma vai mudar a cara do Brasil para muito melhor", disse.
Segundo ele, Dilma "vai lançar o programa de combate à miséria absoluta, onde fará um pente fino para descobrir quais são os pobres que ainda não foram atendidos" em sua gestão.
Lula disse ainda que Dilma "sabe tanto, ou até mais que eu, do caminho que deverá trilhar para acabar com a pobreza e miséria".
Até aqui, ele repetia que a candidatura de Dilma à reeleição seria o caminho natural, mas não apresentava a questão como fechada.
Lula escolheu o "ABCD Maior" para dar a sua primeira entrevista exclusiva a um jornal brasileiro desde que passou a faixa presidencial a Dilma, em janeiro.
A publicação é ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde ele iniciou a carreira política. Parte da entrevista foi ao ar na véspera pela TVT, do sindicato.
O "ABCD Maior" é dirigido por Celso Horta, ex-assessor do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT).
Lula não precisou responder a perguntas sobre temas incômodos, como a concessão de passaportes diplomáticos a seus filhos e o julgamento do mensalão.
Em trecho transmitido pela TVT, ele disse que o PT governará o país por 20 anos.
Dutra avisa a aliados que quer deixar comando do PT
Presidente do partido está licenciado desde março, após crise de hipertensão
Quadro clínico de Dutra evoluiu para problemas de origem neurológica e depressão; Dilma tenta convencê-lo a ficar
Alan Marques - 10.fev.2011/Folhapress |
José Eduardo Dutra
NATUZA NERY
CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, 54, avisou a alguns aliados que pretende renunciar ao comando do partido para se dedicar a tratamento de saúde. Licenciado desde 22 de março, ele se comprometeu a dar uma resposta sobre sua situação após a Páscoa.
A decisão final, contudo, só será confirmada depois de conversa com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
Dizendo-se preocupado com o estado de saúde do amigo, Lula o visitará na segunda-feira para discutir seu futuro. Dutra tem dito que não pode bater o martelo sem consultar os dois.
Emissários do dirigente, porém, informaram integrantes do governo que, diante do estado clínico, a tendência é que ele deixe o cargo definitivamente.
Dutra se afastou temporariamente da presidência do PT depois de uma crise de hipertensão.
Durante o tratamento, foi diagnosticado quadro de depressão e problemas de origem neurológica. Desde então, ele passa por uma série de exames no cérebro.
A avaliação é que é muito difícil compatibilizar o tratamento com a pesada agenda de trabalho no PT.
Tanto Lula quanto Dilma demonstram grande preocupação com Dutra, que coordenou a campanha presidencial de 2010 e ocupou, sob Lula, as presidências da Petrobras e da BR Distribuidora. A presidente, porém, disse a interlocutores que ainda pretende convencê-lo a ficar.
Ano passado, Dutra formou junto com os ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) o trio de ferro da campanha petista, apelidado de "três porquinhos".
O estatuto do partido prevê afastamento temporário por até 180 dias, mas nem mesmo Dutra tem considerado a h ipótese de estender sua licença. Segundo a Folha apurou, ele entende que essa instabilidade pode prejudicar a legenda.
SUBSTITUIÇÃO
Com a renúncia, o Diretório Nacional do PT deve convocar uma nova eleição.
Hoje o mais cotado para assumir a vaga é o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). Além de contar com a simpatia de integrantes do Planalto, Humberto é amigo de Dutra e sua escolha não configuraria uma ruptura.
Hoje quem dirige a sigla é o deputado estadual Rui Falcão (SP), atual vice-presidente. Como Falcão integra uma corrente minoritária dentro da estrutura do partido, dificilmente ocupará a presidência em caráter definitivo.
Independentemente da decisão de Dutra, Dilma terá de definir se abrirá caminho para ele no Senado. Ela cogita nomear para o Ministério da Micro e Pequena Empresa o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), de quem Dutra é suplente.
PREMIAÇÃO
Revista "Time" inclui Dilma entre os 100 mais influentes do mundo
DE SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff foi escolhida uma das 100 pessoas mais influentes do ano pela revista americana "Time".
O perfil de Dilma foi escrito pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet.
"A nova presidente do Brasil é uma lutadora corajosa que se levantou contra a ditadura militar e que dedicou sua vida a construir uma alternativa democrática para o desenvolvimento, a igualdade social e os direitos das mulheres", diz Bachelet no texto publicado ontem no site da revista.
A chilena afirma que não é fácil ser a primeira mulher a governar seu país. "É ainda mais difícil governar um país tão grande e globalmente relevante como o Brasil."
Para Bachelet, que deixou a Presidência no ano passado, o Bras il vive um momento único da sua história, que exige um "líder de sólida experiência e firmes ideais".
"Dilma oferece precisamente essa combinação virtuosa de sabedoria e convicção que seu país precisa", completa.
A oitava edição da lista inclui personalidades como o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o atacante argentino Lionel Messi, o cantor Justin Bieber, o príncipe William e sua noiva, Kate Middleton.
No ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi listado como um dos mais influentes. Ele também tinha aparecido no ranking de 2004.
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