segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Uma nova política de mobilidade urbana

O sistema de transporte no país está em colapso. Para as cidades e metrópoles brasileiras é urgente criar as bases institucionais e físicas para um sistema integrado de transporte público com efetivo controle social


Fonte: www.teoriaedebate.org.br

Usuários do metrô de São Paulo, em dia de chuva e caos
Usuários do metrô de São Paulo, em dia de chuva e caos
Foto: Miguel Schincariol/Folhapress
O colapso da mobilidade urbana no Brasil é uma função crescente da motorização. Apesar de alcançarmos taxa nacional ainda baixa, menos de quatro carros ou motos por dez pessoas, contra oito por dez nos países de renda alta1, os níveis de congestionamento, os tempos de viagens por distância percorrida e o número de vítimas graves ou mortes no trânsito são no Brasil muito superiores. Algumas cidades europeias adotam medidas restritivas ao uso do automóvel. Aqui, por ausência de um transporte público qualificado, quando adotadas são meramente punitivas da mobilidade dos que não têm renda para confrontá-las.

A mudança do nosso padrão de mobilidade impõe a quebra de três paradigmas: o transporte motorizado individual como solução universal para os deslocamentos urbanos, o transporte público como bem de mercado e sua tarifa como custo médio por passageiro pagante2.

O automóvel e a motocicleta são modalidades de transporte ineficientes pelo consumo elevado de combustível e de espaço por passageiro transportado e pela externalização negativa, também mais elevada, de poluição atmosférica e de vítimas de acidentes de trânsito. Os investimentos em infraestrutura viária para o automóvel são cada vez mais dispendiosos e mais rapidamente inúteis, além de destrutivos dos espaços urbanos de convivência e de circulação a pé. O automóvel não é um bem passível de universalização sem um transporte urbano qualificado, que responda pelo volume mais significativo dos deslocamentos pendulares3.

As motocicletas, ao contrário do que aparentam, também consomem mais espaço por passageiro transportado, e sua eficiência relativa no padrão brasileiro de mobilidade é driblando o congestionamento pela contravenção, dirigindo sem observar as distâncias de segurança frontais e laterais. E o custo social está posto nas vidas perdidas ou afetadas gravemente, nas operações de resgate, nas emergências médicas e na ocupação cada vez mais significativa dos leitos hospitalares, além do custo do agravamento dos congestionamentos provocados pelos acidentes. Motocicleta é um modo de transporte originalmente da Ásia, onde se movimenta como pedestre ou ciclista. Não é um meio de transporte seguro, que pretende ser um “automóvel” esperto, mas vulnerável, sem os requisitos crescentes de segurança aos novos veículos. As razões que levam a sociedade a proibir a produção, comercialização e consumo de drogas ou de armas não são mais relevantes que aquelas que deveriam proibir as motocicletas, em lugar de incentivá-las. Mas, além dos interesses da indústria e do comércio, a motocicleta, como motofretes e, absurdamente, até mototáxis, já se engendrou na economia urbana, inclusive em função da mobilidade exaurida nos congestionamentos.

Apesar de o transporte público ser definido pela Constituição Federal como bem público, equivocada e desnecessariamente o modo de produção, a concessão, acabou por descaracterizá-lo como tal. Bem público não é apenas um conceito jurídico. Bens públicos e bens de mercado são bens diferenciados pela natureza da produção e do consumo. Enquanto para a economia de mercado a exclusão é inerente e existencial – sem exclusão não existe mercado4 –, bens públicos são bens universais, em que a exclusão é inaplicável ou ineficiente, além de perversa.

Tarifas sob a lógica de mercado

Tarifas, tax price, preços estabelecidos para bens públicos, observam princípios da política fiscal e regência de produção econômica5. Não é o “mercado” que determina o que e quanto produzir, nem a oferta e a demanda determinam a tarifa. A sociedade, dentro de seu sistema político, regulamenta a concessão e define o gasto público. O orçamento da unidade de produção, escola, hospital, metrô ou ônibus, deve assegurar, entre outros atributos de qualidade, a suficiência e regularidade da oferta. A combinação gratuidades, tarifas pagas pelos usuários diretos e indiretos, como os empregadores no vale-transporte, e aportes orçamentários observará o princípio da justiça fiscal, capacidade contributiva, e o da relação entre a área de benefício e a de contribuição, que norteia a política fiscal. Não é razoável que o cidadão de Belo Horizonte subsidie o transporte público de Brasília, ou vice-versa. Os impostos aplicados no transporte público beneficiarão a economia urbana, e não somente seus usuários. Amplia-se a mobilidade da força de trabalho e dos consumidores, e, em consequência, a eficiência da economia de mercado.

Na trajetória de controle das empresas de ônibus, difundiu-se a metodologia de cálculo de custos padronizados, denominando-se “tarifa” o custo médio por passageiro pagante transportado6. A consequência é que tarifas assim determinadas estabelecem uma lógica de mercado. E, pior, de um mercado imperfeito, pelo monopólio natural nas concessões7. Não se pode melhorar a qualidade – maior oferta em trens e ônibus produzidos para transportar pessoas no ambiente urbano – porque aumenta o custo, e portanto o custo médio, a tarifa. O aumento de qualidade e custo tem de ser compensado por um número igual ou superior de passageiros pagantes, de forma a que o custo médio se mantenha. A redução contínua do número de passageiros pagantes impõe o aumento das tarifas, custo médio, ou a redução dos custos totais, por redução da oferta ou de sua qualificação.

Por essa ordem de coisas, o Brasil utiliza chassi de caminhão no seu transporte público8, mas fabrica ônibus de piso baixo, com suspensão a ar e transmissão automática para o mercado externo. Cerca de 35% da população nos grandes centros anda a pé ou de bicicleta por exclusão do transporte público em função das tarifas e da má qualidade.

Os usuários do transporte público são os menos pobres, os inabilitados para o transporte individual e os gratuitos. Quando a renda cresce, o usuário, habilitado ou habilitável, se liberta do transporte público, ruim e “caro”. Como bem de mercado, o transporte público é o que se denomina “bem inferior”, que é substituído com o crescimento da renda.

Mobilidade e renda

A grande transformação da população brasileira nos oito anos do governo Lula, classificada por renda e consumo, tem profundas implicações sobre a mobilidade urbana, como se extrai da análise socioeconômica da pesquisa de origem e destino de São Paulo em 2002. Em função do aumento real do salário mínimo, do Bolsa Família e do aumento do emprego formal, e, assim, do vale-transporte, cresce o número de usuários provenientes das classes E e D. Entretanto, essas classes decrescem em tamanho na população brasileira. O crescimento mais expressivo da classe C, a classe média, significa substituição do transporte coletivo pelo transporte individual. O vale-transporte deixa de ser benefício quando próximo ou inferior a 6% do salário do trabalhador. O aumento de renda permite ao passageiro “cativo” libertar-se do transporte público. As classes B e A não são significativamente usuárias do transporte público.

Assim, nossa política de mobilidade urbana segue em direção diametralmente oposta à da mobilidade socioeconômica, da política de crescimento da renda e de sua melhor distribuição, que todos desejamos e a presidenta Dilma Rousseff priorizou em seu discurso de posse.

O gráfico Índice de Mobilidade, Modo e Renda9 mostra que nosso modelo de mobilidade não é democrático: quanto menor a renda, menor o índice de mobilidade. Em 2002, 60% dos deslocamentos das pessoas com renda familiar mensal até R$ 400 eram a pé. Com o aumento da renda, aumenta a mobilidade, aumenta a mobilidade motorizada e cai a mobilidade a pé. A partir da faixa de R$ 1.600 a R$ 3 mil mensais, continua crescendo o índice de mobilidade, mas caem as viagens pelo transporte coletivo, substituído pelo individual motorizado. A pesquisa é de 2002, mas com certeza seu perfil segue verdadeiro.



Em suma, produzimos transporte público para a classe D e transporte privado para C, B e A. Em A, obviamente, cada vez mais helicópteros, individuais ou consorciados. O transporte público, “produto para pobres não muito pobres”, ganha passageiros na ascensão da classe E para D e perde na ascensão de D para C.

Crescem o transporte privado, os congestionamentos e as demandas por investimentos viários destrutivos e inócuos. O transporte motorizado individual é mais ineficiente: consome mais combustível, mais espaço e mais vidas! Consumirá cada vez mais tempo, no paradoxo da velocidade: carros mais rápidos10 desenvolvendo velocidade cada vez menor.

Quebra de paradigmas

A quebra dos três paradigmas impõe uma profunda transformação institucional. O projeto de lei de diretrizes para o transporte público em tramitação no Congresso Nacional é uma carta de princípios sem mecanismos para implementá-los e até com algum vício da cultura de mercado11 que contaminou o setor. Não foi assim que procedeu a Europa após a Segunda Guerra Mundial, quando da expansão da indústria automobilística. Reforçaram os sistemas de transporte público com leis fiscais que aumentaram a dotação de recursos para subsidiar a operação e permitir investimentos em sua modernização e expansão.

A tarifa deve ser reduzida para universalizar o acesso à cidade e induzir o uso do transporte público de forma competitiva com os outros meios motorizados menos eficientes do ponto de vista da contabilidade social. A tarifa zero dos idosos deve ser universalizada para os jovens, dando-lhes mobilidade, acesso à cidade e os afeiçoando ao transporte público.

A tarifa não se confunde com a remuneração do operador12, público ou privado, que deve ser suficiente para assegurar a produção qualificada e atrair investimentos em para a melhoria e expansão do transporte público. Não se viabilizará parceria público-privada para investimentos na implantação de linhas e sistemas de metrôs e VLTs (Veículos Leve sobre Trilhos) com a lógica de remuneração da tarifa “custo médio por passageiro pagante”. Somente concessões patrocinadas serão suficientemente atraentes para trazer recursos significativos para um transporte público suficiente, qualificado e universal.

Aumentar o número dos que não pagam e cobrar menos do que custa dos que pagam, oferecendo um transporte cada vez mais qualificado, é injetar na economia urbana renda monetária com uma expressão tão significante quanto no Bolsa Família, a cuja política se agrega.

A população brasileira é dominantemente urbana. A requalificação da mobilidade urbana recupera eficiência na economia das grandes cidades. A migração de atividades das metrópoles para o interior e a mobilidade baseada no automóvel e na moto levam a ineficiência para os centros urbanos médios e pequenos. Congestionamentos e acidentes de trânsito vão se difundindo pelas cidades brasileiras, grandes ou pequenas.

A quebra dos paradigmas impõe uma reforma fiscal que vincule impostos, cobrados localmente, à produção de transporte público13. E uma política industrial que estimule a fabricação de ônibus híbridos14 de piso baixo integral, de trens metropolitanos, metrôs e VLTs, para uma resposta ágil e vigorosa à demanda derivada da nova política urbana. Os pilares da política econômica anticíclica foram fixados corretamente no mercado interno, construção civil, eletrodomésticos e, lamentavelmente, mas decorrente do modelo industrial e de mobilidade, na  indústria automobilística, incluindo motos. A presença inexpressiva de projetos de transporte público nos gargalos a serem eliminados pelo PAC demonstra a inviabilidade do transporte público como configurado na economia brasileira. O PAC Mobilidade Grandes Cidades, além de tímido frente à gravidade do problema, e fora de uma requerida visão de longo prazo, exemplifica, no rol dos projetos apresentados, as limitações estruturais da lógica vigente.

Corredores segregados de ônibus são soluções inteligentes, quando bem inseridos no meio urbano construído, mas se esgotam para volumes de demanda mais expressivos. Cidades do porte de Curitiba, que concebeu e aplicou de maneira abrangente o sistema15, inclusive com definições de ocupação urbana, demandam sistemas metroviários para estabelecer uma oferta qualificada. BRT  (bus rapid transit) em cidades do porte de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Brasília, só complementares a uma rede metroviária abrangente e estruturadora.

Não significa, contudo, que os esforços de mobilização social e política para a reversão desse contexto econômico submetam os governos locais a uma política de espera. Ou a investimentos no modelo de mobilidade insustentável, implantando novas vias expressas, viadutos e trincheiras, destrutivos do ambiente urbano e imediatamente espaços dos novos congestionamentos.

Transporte como bem público

O transporte público como bem público, orçamentário, exige que sua produção seja eficiente e otimizada. O planejamento da rede de transporte, única, sistêmica, para todo o espaço urbano ocupado, sem fronteiras políticas nas aglomerações urbanas e áreas metropolitanas, com intermodalidade, incluindo modos privados e não motorizados, exige consorciação intermunicipal, com efetiva e qualificada gestão pública.

Em consequência dessas condicionantes, se almejamos resgatar o transporte público como bem público, devemos começar a estabelecer as bases organizacionais do sistema ainda sob a regência da tarifa custo médio. Esta é a agenda que se apresenta às cidades, aos aglomerados urbanos e às metrópoles brasileiras: criar as bases institucionais e físicas para um sistema integrado de transporte público com efetivo controle social.

Recife e o governo de Pernambuco estão investindo nessa direção com o consórcio metropolitano de transporte. Resta inserir mais direta e explicitamente o metrô do Recife, empresa federal sem gestão local16 e sem dar visibilidade de sua eficiência e contribuição ao sistema integrado de transporte (SIT). Além da produção de transporte, sua contribuição é também financeira, na medida em que a tarifa do metrô é fortemente subsidiada pelo governo federal e contamina positivamente as tarifas de ônibus. Quanto do subsídio federal cobre ineficiências da empresa e quanto beneficia os usuários do SIT? A evolução qualitativa da gestão do Consórcio Grande Recife, incluindo a empresa pública Metrorec como concessionária a ele submetida, pode fornecer um projeto-piloto nacional para o transporte público de mobilidade sustentável. Da “cidade para todos” que só um transporte público qualificado, competitivo com o transporte individual privado e efetivamente acessível, possibilita.

João Luiz da Silva Dias é economista, conselheiro do Ruaviva – Instituto da Mobilidade Sustentável. Foi diretor-presidente da Companhia de Transportes Públicos da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Metrobel), da Empresa Municipal de Transportes e Trânsito (BHTrans) e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Dia do Funcionário Público reforça luta por negociação coletiva


Em defesa da ratificação da Convenção 151 da OIT, servidores pedem nova estrutura na relação de trabalho com o governo, com mais diálogo
Publicado em 28/10/2011, 12:43
Última atualização às 12:43
São Paulo – Os servidores públicos comemoram seu dia nesta sexta-feira (28) destacando a necessidade da negociação coletiva entre o funcionalismo público e governos. A bandeira enfatiza a ratificação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – que garante princípios de liberdade e autonomia de organização sindical –, aprovada no Congresso Nacional no ano passado, mas ainda sem regulamentação por parte do governo federal. Desde o início do ano, servidores municipais, estaduais e federais têm protagonizado paralisações em vários setores, como educação, saúde, segurança pública e Judiciário, como forma de pressionar pela abertura de canais de negociações.
As principais queixas dos funcionários são o impasse nas negociações salariais e a intransigência por parte dos governantes. Eles reivindicam mudança na estrutura nas relações de trabalho, com mais diálogo e direito de organização. Para o dirigente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) Pedro Armengol, o Dia do Servidor Público serve como marco para exigir autonomia e fortalecimento da luta sindical. "Esta semana é uma oportunidade ímpar para darmos ênfase a esta luta e pressionarmos o governo pela ratificação da convenção (por meio da regulamentação), tão importante para o estabelecimento de uma nova estrutura baseada num ambiente saudável e construtivo de liberdade e autonomia de organização dos trabalhadores”, disse.
Há proposta de texto de regulamentação, debatida entre as seis centrais sindicais reconhecidas legalmente. Um dos impasses envolve a inclusão de imposto sindical para o serviço público, mas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) é contra – e tem na extinção do tributo uma de suas bandeiras.
Indagado por dirigentes sindicais durante audiência na Comissão de Trabalho e Administração Pública da Câmara, na última quarta-feira (26), o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que o governo deve tomar posição sobre a negociação coletiva no setor público. Para que haja a ratificação, é preciso que um novo texto, adequando a legislação brasileira à convenção, seja enviado ao Congresso.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, o governo federal precisa "arbitrar" a situação. "A ausência da Convenção 151 e da obrigatoriedade da negociação no setor público figura entre as principais causas de longas e penosas greves", pontuou, em seu blog.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Secretário de Mobilização convida militância a participar das ações de formação política

Fonte : www.pt.org.br 
Jorge Coelho, secretário nacional de Mobilização (Foto: Arquivo PT)

Projeto com a Escola Nacional de Formação Política vai preparar gestores estaduais e municipais


Integrar os novos filiados e qualificar a atuação política da militância. Com esses objetivos, a Secretaria Nacional de Mobilização uniu forças com a Escola Nacional de Formação Política do Partido dos Trabalhadores.
Um dos projetos é um Coletivo formado por Secretários estaduais e municipais de Mobilização, que funciona como uma rede para articular as ações de formação política do PT. “Eu conclamo a todos os secretários de Mobilização para que a gente reforce essa instância porque é lá que vamos dar a formação e orientação do que é ser um filiado e militante do PT. Temos muitos desafios pela frente e temos eleições em 2012”, ressaltou Jorge Coelho durante entrevista à TV PT.
Além de integrar os secretários de mobilização, as ações da Secretaria também incluem cursos de formação para quem ainda é novo no PT. “Vamos dar conteúdo para que a militância se torne um agente do partido, que tenha uma condição melhor de se encaixar no PT e influir nos rumos do Partido dos Trabalhadores”, afirmou Coelho.
Mais informações sobre as atividades de formação estão disponíveis no portal www.pt.org.br, no banner da Escola Nacional de Formação Política do PT, http://www.enfpt.org.br/
Assista no vídeo abaixo a íntegra da entrevista com o secretário Jorge Coelho

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Senado aprova partilha dos royalties; Câmara pode votar hoje


foto-Geraldo-Falcao1_copiaAs novas regras de distribuição dos royalties do petróleo para os estados produtores e confrontantes com o mar e os estados não produtores poderão ser votadas nesta quinta-feira (20/10) na Câmara dos Deputados. Ontem, após sete horas de debates, o plenário do Senado aprovou o substitutivo ao projeto (PLS nº 448/2011) de autoria do senador petista Wellington Dias (PI) que serviu de base para nortear as negociações iniciadas há um mês. “Esta votação é histórica porque vai marcar um novo momento de desenvolvimento do Brasil. O petróleo é nosso e os royalties pertencem ao povo brasileiro”, comemorou Wellington Dias, que elogiou o empenho e o trabalho feito pelo relator da matéria, senador Vital do Rego (PMDB-PB).
Várias emendas apresentadas ao projeto foram rejeitadas porque desvirtuariam, no entendimento do relator, a essência da nova distribuição dos royalties da atividade petrolífera e da Participação Especial, uma espécie de taxa cobrada as empresas que exploram campos com elevada produção. Por entendimento com as lideranças, foi retirado do projeto o artigo que tratava da necessidade de a Petrobras formar uma parceria (joint venture) com as empresas que irão atuar em cada bloco exploratório a ser leiloado pelo sistema de partilha de produção. Também foi retirado um projeto que tramitava em conjunto e propunha o estabelecimento de novas linhas geodésicas, ou seja, a delimitação territorial no mar que define as bacias em que se encontram os campos de petróleo e fixam para qual estado devem seguir os royalties. A retirada desses pontos foi elogiada pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Por mais de uma hora, o senador Vital do Rego respondeu aos questionamentos que eram feitos enquanto os representantes de estados  produtores – Rio de Janeiro e Espírito Santo – criticavam a proposta pelo entendimento de que as receitas recebidas hoje serão reduzidas com a nova forma de divisão da riqueza do petróleo, o que prejudicará as finanças locais.
Os senadores que representam o estado do Rio de Janeiro – Lindbergh Farias (PT), Francisco Dornelles (PP) e Marcelo Crivella (PRB) e os que representam o Espírito Santo – Ana Rita (PT), Ricardo Ferraço (PMDB) e Magno Malta (PR) votaram contrariamente a todas as medidas contidas no parecer.
Ao longo das discussões, vários senadores da bancada petista manifestaram apoio à distribuição mais equitativa dos royalties e dos recursos arrecadados pela Participação Especial e destacaram o papel do Governo Federal que abriu mão de parcela dos valores a que tem direito. Os senadores lembraram que o artigo 20 da Constituição diz que toda a riqueza no mar pertence à União e, se pertence à União, pertence a todos os brasileiros.
O senador Walter Pinheiro (PT-BA) afirmou que a votação da redistribuição dos royalties do petróleo, pelo Senado Federal, significa o caminho para a realização de um novo e amplo pacto federativo, enquanto José Pimentel, senador pelo Ceará e líder do Governo no Congresso, observou que a vontade da maioria do Parlamento e que representa a maioria da sociedade brasileira alterou em 1980 a legislação do petróleo que vigorava desde 1963, poucos anos após a criação da Petrobrás e a descoberta das primeiras jazidas.
“Em 1997 houve uma nova alteração e agora estamos fazendo outra pactuação, respeitando os interesses da sociedade. É preciso compreender que quando é necessário fazer ajustes, todo o seu procedimento parte do Congresso Nacional”, disse José Pimentel.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por sua vez, defendeu maior participação de todos os municípios e estados não produtores com a nova distribuição dos royalties do petróleo. Apesar de rejeitadas, Suplicy apresentou quatro emendas que destinavam recursos para o financiamento de uma Renda Básica de Cidadania, Lei 10.835 de janeiro de 2004 que é de sua autoria. 
O líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, Humberto Costa (PE), fez uma defesa contundente ao projeto e lembrou que quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou o novo marco regulatório do petróleo estava pensando no Brasil do futuro para daqui a vinte, trinta anos. “O que estamos fazendo quer dizer, com todas as letras, que vamos produzir um novo Brasil, um Brasil com menos desigualdade, um Brasil onde a riqueza natural seja do povo brasileiro e não de alguns estados ou cidades”, afirmou. Humberto Costa citou como exemplo os investimentos feitos pelo governo Lula e que continuam com a presidenta Dilma em seu estado, o Pernambuco, onde é possível notar a redução das desigualdades sociais. A divisão da riqueza só contribuirá para diminuir a pobreza e acabar com a miséria.
Nos final da sessão, às 22h15, o senador Lindbergh Farias agradeceu a condução dos trabalhos pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e fez um apelo para trazer a discussão de matérias que tratam do pacto federativo como a dos indexadores que corrigem as dívidas dos estados com a União ou mesmo a guerra fiscal entre os estados para atrair investimentos. “Continuo preocupado com os efeitos do projeto que foi aprovado, mas quero dizer para o Rio de Janeiro que a luta é longa e essa foi apenas a primeira batalha”, disse.
MarcellAntunes

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Blogueiros na linha de frente das bandeiras petistas

Fonte: www.pt.org.br

(Arte Vilhena - PT)

Militantes virtuais relembram histórias de campanha.


Em diversas ocasiões o presidente de honra do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, reconheceu a importância dos blogueiros. Assim o fez este ano: “Não vou esquecer nunca o papel que vocês tiveram na defesa da liberdade de expressão durante os oito anos do meu governo e nas eleições”, disse durante o segundo encontro nacional dos blogueiros progressistas.
Atentos às mudanças na comunicação, militantes virtuais de todo o país produzem informação diferenciada. A secretaria nacional de comunicação do PT entrevistou alguns blogueiros a fim de descobrir o que se passa nos bastidores da distribuição alternativa de informação pela internet:
A jornalista Thea Tavares é uma blogueira que compõe a equipe do Lado B. O blog é realizado por uma equipe de moradores de Curitiba, e já atingiu a faixa dos 12 mil acessos por mês. O visual do Blog Lado B é caprichado e o tema é política nacional, sob o slogan “Porque toda notícia tem dois lados”. O surgimento do blog se deu porque Thea atuava em um grupo de esquerda que sentia necessidade de um espaço para se pronunciar. Ela define o perfil de Curitiba como muito conservador, por isso as redes sociais suprem uma carência. “A gente sente um bloqueio muito grande na imprensa aqui no Paraná e por isso a necessidade do blog. Não temos a pretensão de competir com a imprensa, mas abrir o espaço para mostrar o contraditório”, explica Thea.
Durante a campanha da atual presidenta Dilma Rousseff, Thea conseguiu sair na frente da imprensa e fez um furo de reportagem. A pauta foi reproduzida depois em grandes veículos de imprensa. O furo contava o curioso caso do prefeito tucano Vanderlei Crestani (PSDB), que abraçava a campanha da Dilma “com unhas e dentes”, conta. O seguinte trecho foi originalmente publicado em 19 de julho de 2010 no blog Lado B:
”Crestani disse à Dilma que fará campanha a ela para demonstrar a gratidão que sente por tudo o que o Governo Lula fez em favor do seu município, situado no Sudoeste do Paraná”.
Thea acredita nos blogs como uma alternativa aos meios de comunicação tradicionais, e é otimista sobre a parte da população sem acesso a internet: “O povo brasileiro evoluiu muito. O poder de manipulação das grandes mídias diminuiu. O povo sabe quando está sendo manipulado. Apesar de toda aquela campanha raivosa e mentirosa feita contra a candidatura de Dilma, a pessoa que sente na carne os benefícios concretos do governo Lula não vai se pautar pelo Jornal Nacional da Rede Globo, embora só veja aquilo”, diz Thea.

Blogueiros progressistas
O blogueiro paulistano Luis Carlos Gonçalves, formado em filosofia, é especialista em cidadania e participação popular na prefeitura de Sumaré. Luiz Carlos é autor do blog Cidadania e Democracia e começou sua atividade na blogosfera há pouco tempo, em julho deste ano. Ele criou o blog com o intuito de ampliar a exposição de seus trabalhos ao público, além de discutir filosofia, política e administração pública. “Defendo que a democratização das comunicações é o próximo e decisivo passo para o aprofundamento da democracia no Brasil”, diz.
Também de São Paulo, Fernando Gaebler, dono no blog homônimo, tem apenas 23 anos, mas se lembra das eleições de 2008 quando o presidente Lula demonstrou apoio à militância virtual. Fernando também guarda na memória a imensa mobilização da militância em 2006. Fernando criou o blog visando abordar assuntos necessários para o desenvolvimento do Partido, da juventude petista e do projeto socialista. Outro tema de interesse de seu blog é pensar e desenvolver planos de uso da internet aproximando a sociedade organizada com o poder local e com as coligações.
O blog Petista Online, o diário do front, também de São Paulo, foi criado pelo militante virtual, Geison Gunnar. O blog nasceu após as eleições de 2010. “Durante a campanha, atuei nas redes sociais e utilizei muitos blogs de esquerda para contribuir com a eleição da nossa presidenta Dilma Rousseff. Eu sentia falta de um Blog Petista, e me propus a fazê-lo”, diz Gunnar. A proposta do blog é “atuar numa linguagem diferenciada, que atinja a juventude. Percebo o quanto é importante militar em prol da formação de
novas lideranças. Precisamos da força da juventude para fortalecer o Patido dos Trabalhadores”, diz Gunnar. O blogueiro relembra o papel decisivo dos blogueiros na desconstrução da farsa da bolinha de papel que “atingiu” o ex-candidato José Serra.
“Tudo está sendo vigiado pelos militantes virtuais. Qualquer mentira ou uma calúnia publicada é desconstruída rapidamente pelos ativistas digitais”, conclui Gunnar.

Confira abaixo alguns blogueiros ouvidos pelo Portal do PT.
Envie também a sua história para a comunicação do PT: jornalista81@gmail.com

(Gustavo Serrate – Portal do PT)



domingo, 16 de outubro de 2011

Após alta do IPI, seis montadoras estrangeiras anunciam fábrica no Brasil



SÃO PAULO. Desde que o governo elevou em 30 pontos percentuais o IPI para os veículos importados, em 15 de setembro, seis montadoras estrangeiras já anunciaram, ou confirmaram, planos para fabricar carros no Brasil: as chinesas JAC Motors, Chery e Great Wall, a franco-japonesa Renault/Nissan, a sul-coreana Hyundai, e a BMW.
A montadora alemã apresentou na última quinta-feira ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, o projeto de sua primeira fábrica no país. Como aconteceu com as outras montadoras, trata-se de uma estratégia para abrir um canal de negociação direto com o ministro, que já indicou a disposição de negociar com as fabricantes estrangeiras interessadas em se instalar no Brasil.
Segundo a BMW, já há cinco ou seis estados na disputam para receber os investimentos da companhia.
A JAC Motors chegou a ameaçar paralisar os investimentos no país, em 30 de setembro, caso a lei que aumenta o IPI não fosse mudada. Depois de negociações com o governo, no entanto, a empresa chinesa voltou atrás e protocolou, em 7 de outubro, seu plano de investimento de R$ 900 milhões na fábrica em Jacareí (SP). Na ocasião, o presidente da JAC, Sérgio Habib, disse confiar que o governo federal criaria as condições para viabilizar o investimento.
A Renault/Nissan apresentou há duas semanas a construção de uma nova fábrica em Resende (RJ), com um investimento de R$ 2,6 bilhões. A montadora também anunciou um investimento extra de R$ 500 milhões na ampliação da fábrica no Paraná.
Já a Hyundai apenas confirmou que levará adiante a construção de sua fábrica em Piracicaba (SP), que prevê investimentos de US$ 600 milhões. A chinesa Chery também manteve projeto de investir US$ 400 milhões em Jacareí (SP). Outra chinesa, a Great Wall, confirmou esta semana a construção de uma fábrica no país, sem dar detalhes do valor ou local do investimento.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/10/15/apos-alta-do-ipi-seis-montadoras-estrangeiras-anunciam-fabrica-no-brasil-925588214.asp#.TpsoIAHmMLA.facebook#ixzz1azLeIJ00 
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