Texto argumenta que, além de substituir ministros, presidente também deve mudar as regras que deixam a sociedade burocrática e elevam os riscos de irregularidades, numa defesa da reforma tributária.
Editorial do Financial Times (FT) desta quarta-feira apoia os esforços da presidente Dilma Rousseff no combate à corrupção no Brasil. Com o título "Vassoura nova de Dilma", o texto argumenta que ela deve, além de substituir ministros ligados a escândalos, também mudar as regras que deixam a sociedade burocrática e elevam os riscos de irregularidades, numa defesa da reforma tributária.
"A postura inflexível de Rousseff sobre a corrupção é uma ruptura bem-vinda em relação à atitude relaxada que caracterizou os políticos brasileiros por muito tempo - e mais um sinal de que ela está marcando sua própria autoridade no governo herdado de Luiz Inácio Lula da Silva", diz o editorial.
A publicação britânica cita dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de que o custo da corrupção no Brasil fica entre R$ 50 bilhões e R$ 84 bilhões por ano, ou cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Com os grandes projetos de infraestrutura em curso, como preparação para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, existe espaço para que os números aumentem, tanto que os ministérios do Turismo e dos Esportes estão envolvidos em denúncias, avalia o jornal.
O FT rebate o argumento de que a atitude da presidente acabará com a governabilidade. Para o jornal, Dilma tem a seu favor os bons índices de aprovação e a larga maioria no Congresso, suficiente para assimilar a saída de partidos menores da coalizão. "Talvez mais importante, o milagre econômico brasileiro criou uma classe média crescente e vociferante, para quem combater a corrupção é uma questão importante."
Entretanto, a publicação britânica acredita que a presidente não deve se limitar à mudança de quadros. Dilma precisa combater o excesso de burocracia que acaba estimulando a corrupção. Para o FT, uma reforma tributária mais vigorosa seria um bom começo, pois também melhoraria a competitividade da economia brasileira.
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